Os esforços físicos e o consumo de bebidas alcoólicas precisam ser moderados
Foto: Romildo de Jesus/Tribuna da Bahia
Não basta só alegria e boa vontade: para pular o carnaval em paz e sem riscos é preciso muita atenção com o próprio corpo. Neste período do ano, ao menos em Salvador, correr atrás do trio elétrico requer energia e cuidados com a saúde que envolvem desde uma boa alimentação, uso de roupas leves, consumo adequado de água à compreensão de que exageros podem ocasionar doenças, mal estar e até mesmo levar a uma fatalidade.
É comum, por exemplo, ver muitos foliões sendo atendidos em postos de saúde fixos e do circuito carnavalesco, com casos clínicos tais quais arritmias cardíacas, intoxicação alimentar, doença do beijo, doenças gastrointestinais, desmaios e hipertensão. Casos de infarto e até morte súbita também não ficam de fora na folia momesca do Brasil afora.
É comum que nessa época do ano especialistas reforcem as recomendações: não só os alimentos têm que ser leves, fáceis de digerir e bem higienizados, como também os esforços físicos e o consumo de bebidas alcoólicas precisam ser moderados.
Para se ter uma ideia, somente nos cinco dias de pré-carnaval de Salvador ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde contabilizou 388 atendimentos, sendo 365 nos módulos de saúde do Farol da Barra e Morro do Gato, com cerca de 83% (302) dos casos clínicos e de enfermagem e os outros 17% (63) divididos entre atendimentos ortopédicos e cirúrgicos. A maioria do sexo feminino e na faixa etária entre 20 a 49 anos teve demandas de atendimentos clínicos, sendo as principais causas relacionadas a intoxicação alcoólica, reação alérgica e dor abdominal.
O cardiologista paulista Paulo Ricardo Damasceno afirma que o excesso de esforço físico associado ao consumo de álcool e temperaturas elevadas podem desencadear infartos, arritimias ou angina. “O excesso de estresse físico, como pular exageradamente, pode induzir esses problemas, especialmente se o indivíduo for portador de doença cardíaca. Por isso, todo cuidado é pouco. É bom evitar ficar no sol quente e em muvucas muito intensas. Quem tem condições pré-existentes, como histórico de infarto ou hipertensão, precisa estar alerta”, explicou.
Damasceno, que inclusive chegou no sábado em Salvador vindo de São Paulo para curtir o carnaval com a esposa, admite que nesse período é muito difícil manter o controle e as regras estabelecidas no cotidiano.
“Mas é mais do que necessário. É fundamental. Muita gente que não fez sequer uma avaliação médica no último ano, vai se esbaldar no carnaval e por conta dos excessos, acaba descobrindo nos postos de saúde da cidade problemas de saúde que nem sabiam que existiam, mas que vieram à tona. Saúde não é brincadeira. E ninguém merece perder a festa e ficar de babá de alguém que, na verdade, foi displicente e irresponsável consigo mesmo”, pontuou.
Médica infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Adielma Nizarala, dá algumas dicas. “Uma coisa bem importante para pensarmos em relação à saúde no verão e nas festas é tentar fazer a diversão do Carnaval em um horário em que o sol esteja mais ameno, no final da tarde ou à noite. Outra dica é se hidratar bastante antes e durante todo o percurso do Carnaval, evitar comidas salgadas e que retêm mais água no corpo e fazer uma alimentação um pouco mais saudável”.
Embora seja difícil sair no carnaval sem beber, não é impossível. Mas para quem não consegue ficar sem sua cervejinha, a principal estratégia é alternar com outras bebidas hidratantes e com bastante água.
“O ideal é fazer todo o trajeto bebendo líquidos que possam hidratar, mas como no Carnaval a maioria das pessoas consome a bebida alcoólica, é possível alternar, tomar a bebida preferida e água ao mesmo tempo para ir se hidratando e não ter o risco de passar mal ao final do percurso”, diz.
A infectologista acrescenta ainda que roupas leves são primordiais até para evitar insolação. “Roupas mais leves também fazem com que o folião transpire melhor e libere mais o calor do corpo, diminuindo a possibilidade de uma insolação. Eu recomendo evitar o jeans, pois é um material muito grosso, principalmente para as mulheres, que têm mais dificuldade de fazer xixi. Por exemplo, às vezes o short é mais apertado, então ela demora mais de procurar o banheiro, o que favorece a proliferação de bactérias na urina e infecção vaginal”, disse.
Tribuna da Bahia