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Setor industrial baiano registra crescimento de 2,7% em 2024

Dados do IBGE apontam três setores que registraram queda: metalurgia (-12,6%), couro e calçados (-9,1%) e minerais não metálicos (-2,8%)

 

Foto: Divulgação / Ascom Seagri

 

Os resultados da indústria baiana apontam para um cenário de recuperação. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada neste mês, foi registrado um crescimento de 2,7% em 2024, impulsionado pelo avanço de 2,9% no setor de transformação.

A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) destaca que o resultado acompanha a tendência nacional, que teve alta de 3,7%, e marca uma recuperação das perdas de 2023. Com destaque, a fabricação de produtos químicos, com alta de 6,4%, o que representa uma recuperação para o segmento, que sofreu uma perda de 10% no ano anterior.

Conforme a economista do Observatório da Indústria, Natali Paz, dentre fatores que influenciaram esse resultado positivo no último ano, está o efeito base, pós-retração de 2023, já que em 2023 a produção industrial baiana e brasileira apresentaram recuo, a brasileira de 1,1% e a baiana de 0,4%, o que criou uma base de comparação mais baixa. “Então, esse crescimento em 2024 reflete uma recuperação natural do setor, que retomou aos patamares anteriores”, explica.

O refino de petróleo e biocombustíveis, responsável por quase um terço da produção industrial baiana, avançou 4,2%, consolidando seu terceiro ano consecutivo de crescimento. Segundo Vladson Menezes, superintendente da Fieb, destaca-se, em termos de peso nesse crescimento e não de crescimento individual, o crescimento da produção da Acelen de querosene para a aviação, diesel e parafina.

Paz acrescenta que o segmento foi beneficiado pela alta demanda por combustíveis e por uma melhora nas exportações dos produtos desse segmento. Além deste, outros segmentos do arcabouço da indústria de transformação impactaram positivamente no resultado de 2024.

São eles o de bebidas, alimentos, borracha e plástico, além de celulose e papel. A economista ressalta ainda os resultados do segmento de máquinas e materiais elétricos, que apresentou a maior taxa de crescimento em 2024, com alta de 26,1% e foi um reflexo da forte demanda por equipamentos industriais e eletrônicos, além de eletroportáteis domésticos.

O otimismo é compartilhado pelo setor, ainda, em razão de dados como o da RAIS/Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, que mostram que entre outubro de 2023 e o mesmo mês de 2024, foram gerados 7.665 empregos na Bahia. Além disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que a economia brasileira deva crescer 2,4% em 2025, com desempenho previsto da indústria nacional positivo e alta projetada de 2.1%.

“O desempenho bom é reflexo do consumo interno, de melhorias no poder de compra, com alta do emprego no último ano. E essa demanda interna mais forte foi uma das condições econômicas favoráveis para essa recuperação. O mercado consumidor teve melhora, que acabou resultando no aumento na demanda por produtos industriais, como alimentos, bebidas e outros bens duráveis”, pontua a especialista.

 

Desafios para 2025

Por outro lado, os dados do IBGE apontam três setores que registraram queda: metalurgia (-12,6%), couro e calçados (-9,1%) e minerais não metálicos (-2,8%). A metalurgia teve a maior retração, diante da redução de investimentos na construção civil e infraestrutura, impactando negativamente o desempenho da indústria estadual; baixa que, segundo a Fieb, é resultado de uma instabilidade no mercado e dificuldades sofridas por duas grandes indústrias do segmento na Bahia.

Quanto ao couro e calçados, Natali Paz aponta a queda do consumo e a invasão de produtos originários do Vietnã e da China, que vêm ganhando espaço no mercado baiano. Sobre o contexto da economia nacional, a especialista explica que o cenário é de incertezas, no qual as empresas podem acabar adiando novas contratações, novos projetos, e o crescimento da indústria pode se manter moderado ao longo de 2025.

A Fieb elenca desafios a serem enfrentados este ano, com projeção de inflação de 5,58% e crescimento do PIB de 2,03%, segundo o Banco Central. Além disso, a elevação da taxa Selic para 13,25%, com previsão de encerrar o ano em 15%, pode afetar o ritmo da recuperação industrial.

Como reforça a economista do Observatório da Indústria, a continuidade dessa recuperação em 2025 vai depender de um conjunto de fatores, como a manutenção do aquecimento da demanda interna e externa, o impacto das taxas de juros, a evolução da inflação no país e da política econômica adotada ao longo do ano de 2025. “Todos esses fatores aí vão influenciar na questão da continuidade dessa recuperação”, destaca.

Na opinião de Paz, o setor químico foi um segmento que se beneficiou da estabilização da cadeia de suprimentos no último ano, principalmente, do aumento da demanda por produtos de fertilizantes. “No entanto, a sua sustentabilidade depende tanto do custo das matérias-primas, quanto das políticas de incentivos do governo para esse segmento em 2025”, alerta.

 

 

 

 

Tribuna da Bahia