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Sepse não diminui na Bahia e causa preocupação

As internações também registraram alta no mesmo período, saltando de 5.587 para 6.286 no ano passado

 

Foto: Divulgação/Reprodução

 

A sepse, ou infecção generalizada, permanece como uma preocupação constante na Bahia. Embora os números não apresentem crescimentos alarmantes, eles evidenciam que a resposta inflamatória descontrolada do organismo a infecções precisa ser combatida, pois pode levar à falência de múltiplos órgãos e, consequentemente, ao óbito. Crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis, devido à fragilidade de seus sistemas imunológicos.

Dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) revelam que, entre 2022 e 2024, as mortes por sepse no estado aumentaram de 1.475 para 1.652. Em 2025, dados preliminares indicam uma queda expressiva, mas especialistas alertam que os números ainda estão incompletos e devem aumentar ao longo do ano: até 28 de março, foram registradas 252 mortes.

As internações também registraram alta no mesmo período, saltando de 5.587 para 6.286 no ano passado.

Para o infectologista Ricardo Almeida, o impacto da sepse tanto em crianças quanto em adultos torna essencial uma abordagem preventiva e eficiente nos hospitais. Ele destaca que a atenção deve ser redobrada em casos de febre alta persistente, confusão mental, dificuldade respiratória e alterações na pressão arterial.

Os números da Sesab confirmam que o maior índice de internações são de crianças e idosos. Em 2024, a Bahia registrou 1.052 internações de pacientes entre 60 e 69 anos, 1.228 entre 70 e 79 anos, e 1.394 internações de pessoas acima de 80 anos. Entre crianças menores de um ano, foram registradas 445 internações em 2024 contra 207 internações de pacientes entre 20 a 29 anos .

“A identificação precoce da sepse é fundamental para o sucesso do tratamento. Muitas vidas poderiam ser salvas com protocolos de atendimento mais eficazes, como a adoção do ‘pacote de uma hora’, que prioriza a hidratação e a administração rápida de antibióticos”, explica Almeida.

O Ministério da Saúde (MS) registra cerca de 400 mil casos de sepse em pacientes adultos por ano no Brasil, com 240 mil óbitos, atingindo um índice de 60%. Entre as crianças, o número anual de casos é de 42 mil, dos quais 8 mil não resistem, representando um percentual de 19%. O quadro atual mostra que o Brasil tem uma taxa de mortalidade por sepse maior do que a de países em desenvolvimento, indicando a necessidade de mais atenção e agilidade no diagnóstico.

Prevenção – A prevenção da sepse começa com medidas simples, como higiene das mãos, vacinação e tratamento adequado de infecções, conforme o MS. No entanto, a estrutura hospitalar desempenha um papel crucial na redução dos casos graves. Unidades de saúde devem estar capacitadas para reconhecer os sinais precoces da doença e agir rapidamente.

INFECÇÕES

Além disso, é essencial que os hospitais garantam condições adequadas de assepsia para evitar infecções hospitalares, que muitas vezes evoluem para sepse. A qualificação de equipes médicas e a revisão dos protocolos de atendimento também são estratégias essenciais.

Diante do cenário da sepse na Bahia, a população precisa estar ciente dos sintomas e da urgência do atendimento médico. Quanto mais rápida for a identificação e o tratamento, maiores são as chances de recuperação. “Muitas pessoas ainda desconhecem a gravidade da sepse. Campanhas de conscientização e treinamentos para profissionais de saúde podem salvar vidas”, conclui Ricardo Almeida.

Com os números de casos e óbitos sem apresentar redução nos últimos anos, combater a sepse precisa ser prioridade em políticas de saúde pública. “Investir em prevenção, treinamento e infraestrutura hospitalar são caminhos fundamentais para reduzir o impacto dessa doença silenciosa e mortal”, diz.

 

 

 

Tribuna da Bahia