“Esse aumento reflete a valorização de determinados minerais e a ampliação da extração em diversas regiões”, diz o documento
Foto: Divulgação
A mineração na Bahia continua a ser um dos pilares da economia do estado, com um desempenho expressivo registrado no início de 2025 e um crescimento significativo no faturamento da Produção Mineral Baiana Comercializada (PMBC). Esse cenário positivo também tem colaborado com maior arrecadação de tributos e a participação de municípios na atividade.
De acordo com o relatório “Sumário Mineral – Fevereiro 2025”, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, a produção mineral na Bahia alcançou R$ 1,1 bilhão em fevereiro de 2025, registrando um crescimento expressivo em relação ao mesmo período de 2024, quando o valor foi de R$ 0,6 bilhão. “Esse aumento reflete a valorização de determinados minerais e a ampliação da extração em diversas regiões”, diz o documento.
A mineração tem gerado receitas significativas para o estado e os municípios produtores, como mostra o relatório da SDE. Em fevereiro de 2025, a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) foi de R$ 3 milhões para o estado e R$ 11,8 milhões para os municípios mineradores.
Essa receita é essencial para o desenvolvimento de infraestrutura e serviços públicos nas regiões impactadas, assim como o ICMS, que também desempenha um papel importante, contribuindo para a economia estadual e garantindo maior retorno financeiro para os municípios.
Atualmente, a Bahia se destaca como quarto maior produtor nacional de bens minerais, liderando a exploração de 11 tipos de minérios e metais preciosos, como quartzo, magnesita e diamante.
O estado também é significativo na produção de ouro (36% do total nacional), cobre (19%) e níquel (13%). Conforme a compilação de dados da secretaria, o ouro segue liderando a produção, com um faturamento de US$ 128 milhões no acumulado de 2025. O cobre e o níquel também se destacam, registrando US$ 27 milhões e US$ 17 milhões, respectivamente. Além disso, outros minerais como magnesita, vanádio e diamantes continuam impulsionando o setor.
Jazidas – As jazidas estão majoritariamente localizadas no semiárido baiano, em municípios como Jacobina, Juazeiro, Jaguarari, Campo Formoso, Barrocas, Andorinha e Itagibá, onde se encontra a única produtora de níquel sulfetado do país. Para a SDE, o desempenho do setor mineral baiano está diretamente ligado à conjuntura econômica internacional. Em 2023, a economia global cresceu apenas 2,6%, impactada por tensões geopolíticas, alta da inflação e redução de investimentos estrangeiros. Esses fatores influenciaram a cotação de vários minerais essenciais, resultando em quedas expressivas nos preços do lítio (-75%), cobalto (-44%), zinco (-24%) e alumínio (-16,8%). Apesar desses desafios, commodities como o ouro apresentaram valorização recorde devido à instabilidade dos mercados e ao aumento da demanda por ativos seguros.
Setor mineral mantém volume de empregos
O setor de mineração continua a ser um dos maiores empregadores da Bahia, abrangendo a extração de minérios metálicos e não metálicos. O relatório aponta que o setor tem mantido um volume significativo de empregos formais. O crescimento da PMBC pode impulsionar ainda mais as contratações nos próximos meses, fortalecendo a economia regional.
Além disso, o número de requisições de direitos minerários foi expressivo no início do ano. Em fevereiro de 2025, foram registrados 102 requerimentos de pesquisa mineral e 17 pedidos de lavra, indicando um alto interesse na expansão da mineração na Bahia.
Setor enfrenta desafios com necessidade de maior controle ambiental
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios como a necessidade de maior controle ambiental. Em 2025, foram concedidas apenas cinco licenças ambientais, evidenciando um maior rigor na liberação de novos projetos.
Essa preocupação reflete a busca por um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Outro fator importante é a volatilidade do mercado global. O relatório destaca variações nas cotações dos metais, como a alta do ouro (+6,48%) e do paládio (+7,76%), contrastando com a queda no preço do níquel (-4,53%). Essas oscilações podem afetar o ritmo de crescimento do setor no estado.
Para o engenheiro de Minas, Gustavo Medeiros, o cenário no Brasil como um todo é positivo, mas para a mineração na Bahia em 2025 é de crescimento contínuo, impulsionado pelo aumento da produção e pela valorização de minerais estratégicos.
“Entretanto, como acontece aqui no Rio de Janeiro, o setor deve enfrentar desafios como a necessidade de licenciamento ambiental mais ágil e a adaptação às variações do mercado global. Mas todos aqui sabemos que a mineração segue como um setor crucial para a economia baiana, gerando emprego, arrecadação e investimentos para o estado”, contou.
Tribuna da Bahia