Ponto de Vista O seu portal de notícias

Lula chama Sidônio para fazer gestão Nísia decolar próximo a reforma ministerial

O publicitário Sidônio Palmeira também esteve com Nísia, na quinta-feira, 9. Palmeira foi escalado por Lula para ajudá-la a divulgar os principais programas da Saúde e a se contrapor às críticas recebidas por problemas de gestão

 

 

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

Em dois dias nesta semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi chamada ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Com a reforma ministerial à vista, o nome de Nísia passou a frequentar a lista das opções de troca no governo. Ao que tudo indica, porém, Lula manterá a ministra no cargo e prepara uma nova ofensiva na comunicação da pasta.

Nas reuniões de terça e de quinta-feiras, o presidente e Nísia se debruçaram sobre as principais dificuldades do ministério em termos de gestão e publicidade. A Casa Civil fará agora um monitoramento mais efetivo das ações na Saúde e estabelecerá metas, com prazos para resultados.

No Planalto, a avaliação é de que o ministério com o terceiro maior orçamento da Esplanada (R$ 239,7 bilhões) – apenas atrás de Previdência e Desenvolvimento e Assistência Social –, deveria ter mais entregas e mostrar iniciativas de peso da gestão Lula 3. O pedido do presidente é para que a Saúde tenha uma “marca”, a exemplo do que ocorreu em seus outros dois mandatos com programas como o Farmácia Popular.

Apesar das críticas, Lula gosta de Nísia e a respeita profissionalmente. Além disso, a credibilidade e o simbolismo da figura da ministra, por causa de sua gestão à frente da Fiocruz durante a pandemia de covid-19, contam a seu favor.

Para fazer a pasta deslanchar, uma das “obsessões” do presidente é o programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), que foi lançado em abril do ano passado, mas ainda não conseguiu pegar tração em todo o País. A iniciativa tem como objetivo reduzir o tempo de espera por cirurgias, exames e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na terça-feira, 14, Lula se reuniu com Nísia justamente para saber por que o programa não está funcionando direito. Em 20 de dezembro, na confraternização de fim de ano com os ministros, o presidente também cobrou a entrega do Mais Acesso a Especialistas. “Nísia, eu não me canso de pedir isso para você”, disse ele, de acordo com relato de três participantes do encontro.

Agora, a expectativa é de que Lula volte a cobrar Nísia na reunião ministerial desta segunda-feira, 20, na Granja do Torto.

Ofensiva na comunicação

Antes mesmo de assumir oficialmente o comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o publicitário Sidônio Palmeira também esteve com Nísia, na quinta-feira, 9. Palmeira foi escalado por Lula para ajudá-la a divulgar os principais programas da Saúde e a se contrapor às críticas recebidas por problemas de gestão.

Na ocasião, o diagnóstico foi o de que Nísia encontrou uma pasta destruída pelo negacionismo do ex-presidente Jair Bolsonaro e estava fazendo mais do que aparecia para o público. Nesta segunda metade do mandato de Lula, Sidônio recebeu a missão de fazer com que iniciativas do governo cheguem à população do tamanho que o Palácio do Planalto acha que elas têm.

No caso do Mais Acesso a Especialistas, integrantes do Ministério da Saúde avaliam que há uma demanda forte no País em áreas como oncologia, oftalmologia, cardiologia, ortopedia e otorrinolaringologia, que precisam de reforço.

A lista dos problemas de imagem sob crivo do marqueteiro inclui temas que estiveram na origem de outras crises na pasta, como o aumento dos casos de dengue e as dificuldades nos hospitais do Rio e no Território Yanomami. Há também questões como a escassez de vacinas em alguns Estados no ano passado e a incineração de medicamentos e imunizantes do SUS fora da validade.

Na época, o ministério disse ter enfrentado desafios momentâneos na distribuição de algumas vacinas, em razão de problemas com fornecedores e produção limitada global, mas garantiu que não havia escassez. Quanto à incineração, a pasta informou que vacinas vencidas em 2023 e incineradas eram, em sua maioria, contra a covid-19. Para a Saúde, a falta de adesão da população ao imunizante ocorreu por causa de “campanhas sistemáticas de desinformação”, que provocaram desconfiança sobre a eficácia da vacina.

Apesar das justificativas e do aumento da cobertura vacinal desde o início da gestão de Nísia – com crescimento médio de 17 pontos porcentuais em comparação com 2022 –, a avaliação do Planalto é de que esses temas provocaram ruído e acabaram abalando a imagem de eficiência do governo. O ministério não conseguiu explicar à população por que há queima de medicamentos fora da validade, prática comum na área.

Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) mostra que a demanda por melhores serviços de saúde quase dobrou nos últimos dois anos e hoje lidera o ranking das preocupações dos brasileiros. Em dezembro de 2024, quando foi feita a pesquisa, a maior parte dos entrevistados (30%) disse que o governo deveria dar mais atenção à saúde neste ano. Em dezembro de 2022, porém, esse patamar era de 17%.

 

 

 

 

Tribuna da Bahia