De acordo com o Sindicombustíveis, os reajustes foram aplicados nacionalmente e estão relacionados à atualização do cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual, que elevou em R$ 0,10 o litro de gasolina
Foto: Romildo de Jesus/Tribuna da Bahia
Fevereiro chegou com mais um peso no bolso da população promovido pelo aumento da gasolina, válido desde o último sábado (1). Mas o susto só chegou com força ontem, na primeira segunda-feira do mês. Quem precisou abastecer o carro para iniciar a semana de trabalho se deparou com os preços dos combustíveis bem mais caros nos postos espalhados pela cidade.
Na capital baiana, o valor chegou a R$ 6,59 em diversos postos da orla, entre Itapuã e a Pituba, por exemplo. A mudança na tabela dos postos foi bastante expressiva, com uma variação de R$0,60 a R$0,75, deixando motoristas indignados.
De acordo com o Sindicombustíveis, os reajustes foram aplicados nacionalmente e estão relacionados à atualização do cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual, que elevou em R$ 0,10 o litro de gasolina, enquanto que o tributo sobre o diesel foi elevado em R$ 0,06.
O motorista de aplicativo Ricardo Damasceno foi um dos que sentiu o impacto na manhã de ontem enquanto abastecia seu carro em um posto no Rio Vermelho. “A gasolina aqui estava mais R$ 6,40. Cheguei hoje de manhã estava R$6,59, pode parecer pouco, mas para quem utiliza carro todo dia e abastece todo dia, faz uma grande diferença. Impacta e dificulta nosso cotidiano na compra de alimentação, de vestuário e de outros produtos”, reclamou.
O economista Edval Landulpho Alves explica que este reajuste já estava previsto, quando, em 2022, ocorreu a disparada do petróleo e o governo da época tentou fazer uma contenção, acertando com os governadores de fixar o ICMS e mais pra frente promover aumentos graduais. “Não foi determinado nem pela Petrobras nem pelo governo atual. Infelizmente já estava programado e o governo federal segurou bastante em relação aos governadores”, disse.
Landulpho Alves explica ainda que o efeito no bolso da população vai ser imediato. “Em relação à gasolina, o efeito é imediato. O motorista deixa de comprar outros produtos, vestuários, calçados, para poder abastecer. Mas não deixa de abastecer e esse reflexo é claro no bolso”, disse o economista.
Segundo ele, com o corte promovido pela atual gestão federal do Preço de Paridade Internacional– que era a política adotada pela Petrobras e, na Bahia, pela Acelen – o governo assumiria uma parte do prejuízo buscando beneficiar a sociedade. No entanto, veio a pressão do mercado.
“Mas veio a pressão do mercado e os governadores começaram a cobrar. O preço da Petrobras estava represado, mas havia um acordo anterior para ser cumprido. Quando foi em outubro do ano passado, bateram martelo que haveria agora em 2025 esse aumento no valor de 10 centavos para a gasolina e seis centavos no diesel”, comentou.
Diesel
Em relação ao diesel, é preciso esperar mais um pouco para ver como esse aumento vai impactar diretamente a sociedade. Na opinião do economista, é necessário esperar as próximas cargas e transportes para ver como o aumento refletirá no dia a dia. “O aumento do diesel tem um impacto que temos que observar na prática. O diesel vai ser repassado para o consumidor pois ele é responsável pelo transporte da maioria dos bens de consumo do nosso país. Vamos sentir com atenção o que isso aí vai impactar na economia, inclusive na inflação, porque o transporte ocupa uma parte sensível na elaboração do número final da inflação”, destacou.
Para o Sindicato dos Donos de Postos de Combustível, os valores nas últimas semanas estavam abaixo dos preços praticados. O reajuste, para além do ICMS, levou em conta itens que compõem os custos dos combustíveis, tais como o preço praticado pela refinaria; o valor cobrado na distribuição e revenda; o preço do biodiesel, que vai misturado no diesel e do etanol, que é acrescentado à gasolina.
Com os valores dos combustíveis mais caros na Bahia, muitos empresários estão indo buscar o produto em outros lugares, como Betim, em Minas Gerais. Dessa forma, explica o sindicato, é possível garantir que os preços sejam livres, praticados de acordo com a necessidade e com a concorrência. As diferenças chegam a ter R$ 0,50 a R$ 0,60 no diesel, e de R$ 0,20 a R$ 0,40 na gasolina.
“Os preços dos produtos seguem critérios de mercado, considerando variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete, podendo variar para cima ou para baixo”, informou a nota. “A empresa ressalta que possui uma política de preços transparente, amparada por critérios técnicos, em consonância com as práticas internacionais de mercado”, acrescentou.
Tribuna da Bahia