Ponto de Vista O seu portal de notícias

Fechamento de agências bancárias preocupa a população

Mais de 5 mil agências foram fechadas no Brasil

 

Foto: Reprodução

 

O crescente fechamento de agências bancárias na Bahia tem gerado grande preocupação, especialmente entre os consumidores mais vulneráveis, como idosos, pessoas com deficiência e aqueles de baixa renda. O fenômeno, que vem se intensificando em várias regiões do estado, não é exclusivo da Bahia. Em todo o Brasil, mais de 5 mil agências bancárias foram fechadas desde 2014, e a Bahia não tem ficado imune a essa realidade. Recentemente, a agência do Itaú localizada no Brotas Center, em Salvador, fechou as portas, deixando os clientes que eram atendidos naquele local com a opção de se deslocar até a agência da Avenida Manoel Dias da Silva, aumentando o tempo e o custo do acesso a serviços bancários.

De acordo com o Sindicato dos Bancários da Bahia, o impacto tem sido significativo, com o fechamento de diversas agências da região. Apenas no Bradesco, 15 unidades foram fechadas; o Itaú fechou 5 agências, a Caixa Econômica fechou uma e o Santander duas. Além disso, outras instituições menores também diminuíram sua presença no estado.

No cenário nacional, o fechamento de agências tem se intensificado. Em 2024, cerca de 856 agências bancárias foram encerradas, sendo o Bradesco o líder, com mais de 1.300 unidades fechadas. Essa tendência é impulsionada pela digitalização dos serviços bancários e pela busca dos bancos por redução de custos operacionais, mas também tem gerado impactos dramáticos nas comunidades, especialmente nas áreas mais distantes e vulneráveis.

Em entrevista à Tribuna da Bahia, Elder Perez, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, explicou que a principal motivação por trás desse movimento é exclusivamente econômica. “Os bancos estão fechando agências visando reduzir custos, sem considerar as consequências para a população que ainda depende do atendimento presencial”, afirmou. Ele ressaltou que, embora os bancos justifiquem os fechamentos com base na digitalização dos serviços, a realidade no interior da Bahia é diferente. “Nos municípios menores, a população não tem acesso à internet de qualidade, e muitos não têm familiaridade com a tecnologia. Isso gera uma exclusão digital que afeta especialmente os idosos e pessoas com deficiência”, destacou Perez. 

O presidente do sindicato exemplificou a situação de Rio do Pires, no interior da Bahia, onde a única agência bancária, do Bradesco, está programada para ser fechada no dia 21 de junho. “Este fechamento representa um prejuízo imenso para a população. Rio do Pires é uma cidade com uma economia muito voltada para o comércio local e, no período de festas juninas, quando a cidade recebe um grande número de turistas e visitantes, a falta de uma agência bancária será ainda mais sentida”, lamentou Perez.

Outro ponto destacado por Perez é a questão da exclusão digital. Muitas pessoas, especialmente os idosos, não têm conhecimento sobre como utilizar os aplicativos bancários, que nem sempre são intuitivos. “Além disso, muitos desses aplicativos possuem termos em inglês, o que agrava ainda mais a situação”, afirmou. Ele apontou ainda que situações como o erro em uma transação bancária, como uma recarga de celular ou um PIX realizado incorretamente, podem resultar em enormes transtornos, principalmente para quem não tem a destreza tecnológica necessária para resolver esses problemas de forma eficiente.

À Tribuna da Bahia, Tiago Venâncio, superintendente do Procon-Ba, também se posicionou sobre o tema, destacando que, embora a digitalização seja uma realidade inevitável, ela precisa ser acompanhada por práticas de inclusão e responsabilidade social. “A digitalização é um processo inevitável, mas não podemos deixar que ela aprofunde as desigualdades. Precisamos garantir que todos, especialmente os mais vulneráveis, tenham acesso a serviços bancários dignos, seja por meio de agências ou de alternativas de atendimento assistido”, afirmou Venâncio.

O superintendente do Procon-Ba também criticou a postura dos bancos ao transferirem para os clientes a responsabilidade por falhas nas transações. “Quando um cliente comete um erro, seja na recarga de celular ou no envio de um PIX, muitas vezes o banco simplesmente não assume a responsabilidade, alegando que o erro foi do próprio cliente. Isso é problemático, principalmente para idosos, que têm dificuldade com a tecnologia e podem cometer esses erros sem intenção”, afirmou Tiago Venâncio.

O fechamento de agências tem afetado, principalmente, a população idosa e de baixa renda, que muitas vezes depende do atendimento presencial para realizar operações simples, como saques e pagamentos. Perez defende que o atendimento humanizado é essencial, especialmente para o público idoso.

 

 

Fonte: Tribuna da Bahia