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Falta de recursos da Caixa impacta no financiamento de imóveis usados

Foto: Romildo de Jesus

 

 

O sonho da casa própria tem se transformado em um tormento para muitos baianos que enfrentam dificuldades na aprovação do financiamento para compra de imóveis usados. Isso porque, segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado da Bahia (CRECI-BA), a escassez de recursos oriundos das cadernetas de poupança tem levado financeiras a mudar as regras de concessão do crédito.

O corretor de imóveis, Paulo Figueiredo, conta que não é a primeira vez que isso acontece e relata que as instruções financeiras ficaram muito criteriosas. “O valor mínimo da entrada para financiar um imóvel, há algum tempo, era de 20%. Depois realmente que as instituições financeiras aumentaram para 30%, as vendas reduziram bastante. Segundo uma representante da Caixa Econômica Federal disse, houve muitos saques na poupança e devido a esses grandes números de saques, a Caixa Econômica estava com pouco dinheiro para liberar empréstimo”, detalha.

Neste contexto, quem deseja comprar um imóvel usado tem enfrentado uma longa espera para aprovação dos financiamentos. “Estou com dificuldade para avançar na compra do imóvel financiado pela Caixa e temo perder a compra, caso a vendedora desista de esperar a Caixa liberar a verba para assinar o contrato de compra e venda. Segundo a corretora responsável pela negociação, a Caixa Econômica Federal está sem fundos para dar continuidade aos contratos, não só na Bahia, mas no país todo”, relata um consumidor baiano, que preferiu não se identificar.

O vice-presidente do CRECI-BA, Francisco Helder Sampaio, explica que este cenário desafiador só se reflete no caso de imóveis prontos, chamados de usados ou avulsos, não acometendo, portanto, imóveis em construção e financiamentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inclusive programas como o Minha Casa Minha Vida. Segundo ele, a situação é provocada pela mudança no sistema de concessão do crédito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), no que tange à linha de crédito que funciona a partir de depósitos em poupança.

“O Ministério da Fazenda e a Caixa instituíram regras novas para a modalidade de imóveis usados. Somente na linha de usados, a Caixa reduziu um pouco, pois, por exemplo, antes um financiamento financiava até 80% do imóvel, agora 70% para imóveis usados”, reforça, pontuando que outras instituições financeiras também enfrentam desafios no que tange à escassez de recursos oriundos dos depósitos na caderneta de poupança.

Aliado a isso, outro fator que tem impactado na compra e vendas dos imóveis usados é a implementação de novas regras para o sistema de amortização. Mas, mesmo neste cenário difícil, o vice-presidente do CRECI-BA afirma que o mercado imobiliário está aquecido e aposta no surgimento de novas fontes de recursos para o setor, especialmente, inspiradas em experiências de outros países.

“Temos muita confiança. Estamos vivendo esse momento difícil, mas acreditamos que esta é uma situação momentânea. Em Salvador, a venda de imóveis aumentou mais de 20% de um ano para o outro”, acrescenta, revelando otimismo. Ainda para Sampaio, em breve, as poupanças devem a reagir e com a aprovação da nova estrutura fiscal do país, pelo Congresso Nacional, a confiabilidade deve aumentar e mais recursos tendem a surgir, inclusive, para o setor imobiliário.

A reportagem solicitou um posicionamento da Caixa Econômica Federal sobre a escassez de recursos e atrasos na concessão dos financiamentos, porém, não obteve retorno até o fechamento desta edição.

 

Fonte: Tribuna da Bahia.