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Cesta Básica sobe 3,98% em março e tem alta acumulada de 7% no trimestre

Banana-prata, linguiça calabresa e ovos de galinha foram os vilões do último mês

 

Foto: Romildo de Jesus/Tribuna da Bahia

 

A alta de preços de itens que compõem a refeição básica do baiano, como arroz, feijão e tomate, tem sido motivo de preocupação e cautela na hora das compras. A dona de casa Maria de Lurdes Santos, que revela ter como hábito a pesquisa de preços em atacado, mercado de bairro é feira livre, conta que não tem sido fácil economizar na hora das compras de alimentos que compõem a cesta básica.

“Todo dia é uma surpresa. A gente tem que ter muita atenção para não gastar mais do que deve. Eu busco sempre o que está em promoção e venho várias vezes no mês atrás de desconto. Vejo que é melhor do que fazer as compras do mês de uma vez só. Mas, mesmo assim, não dá pra confiar na oferta do mercado: é preciso garimpar”, afirmou.

Dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) revelam que a Cesta Básica de Salvador subiu de 3,98%, o que representa alta de R$ 23,59 em relação a fevereiro de 2025 e é o maior aumento mensal registrado desde agosto de 2024. A Cesta chegou a R$ 615,75 no mês passado, valor calculado a partir de 3.473 cotações de preços realizadas em supermercados, açougues, padarias e feiras livres da capital baiana.

Ainda conforme a pasta, Salvador encerra o primeiro trimestre do ano com alta acumulada de 7,09% nos itens da Cesta. Em março, dos 25 produtos, 19 registraram alta nos preços: banana-prata (17,39%), linguiça calabresa (16,94%), ovos de galinha (15,72%), cebola (14,42%), café moído (7,91%), açúcar cristal (7,80%), batata inglesa (7,77%), leite (6,62%), manteiga (6,38%), carne de sertão (5,17%), frango (5,14%), queijo prato (4,66%), pão francês (2,32%), queijo muçarela (1,66%), farinha de mandioca (1,60%), carne de segunda (1,27%), arroz (0,65%), tomate (0,60%) e o feijão (0,50%).

Como explicou o analista da Pesquisa de Preços ao Consumidor da SEI, Denilson Lima, este cenário de elevação dos preços no último mês, se deve, principalmente, a três fatores: “os efeitos do clima, os períodos de entressafras e o desequilíbrio entre oferta e demanda”. E, neste cenário, os ovos de galinha ganham destaque, pelo comportamento dos preços e impacto no orçamento das famílias brasileiras.

“A perspectiva da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para este ano é de um crescimento recorde do consumo do ovo de galinha, chegando a 272 unidades por pessoa, o que representará um crescimento de 1,10% quando comparado com o ano de 2024. A ABPA também prevê que o produto seja introduzido no mercado europeu e britânico em 2025, o que deve elevar os níveis das exportações de ovos que ainda é menor que 1%. A associação destaca que nos últimos oito meses os custos de produção tiveram um aumento de 30% devido à elevação do preço do milho utilizado como ração para as galinhas poedeiras e do aumento de mais de 100% nas despesas com embalagens. Além disso, as altas temperaturas têm afetado diretamente a produtividade das aves, reduzindo a disponibilidade do produto”, aponta o economista, destacando fatores que, combinados, indicam que a tendência de alta nos preços desse item pode continuar.

Na prática, o comerciante Márcio Cruz sente o impacto do aumento e já estuda produtos que possam substituir os ovos na dieta. “Costumo consumir mais de uma placa de ovos por semana e tem sido difícil acompanhar tantos aumentos de preço. Estou já trocando por frango e nem sei o que vai ser, porque a carne já virou artigo de luxo e agora é a vez do ovo”, comentou o consumidor, enquanto percorria as gôndolas de um supermercado no bairro do Costa Azul, neste domingo (6).

Sobre o comportamento de preços da banana-prata, que liderou o ranking de aumentos no mês de março, especialistas da SEI destacam o período de entressafra na região do semiárido baiano, especialmente em Bom Jesus da Lapa, como fator determinante. “Segundo agentes do setor de bananicultura do município de Bom Jesus da Lapa, o clima está quente e com chuvas escassas, o que faz com que a lavoura sofra um pouco nesse período, entretanto, ainda não advieram prejuízos significativos à qualidade da fruta”, aponta o levantamento do órgão estadual.

E a alta de preços também atinge aos ingredientes relativos ao almoço soteropolitano, composto por feijão, arroz, carnes, farinha de mandioca, tomate e cebola. Esse grupo apresentou alta de 2,28% e foi responsável por 34,03% do valor da Cesta de março na capital baiana.

No caso da cebola, por exemplo, o relatório da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia aponta fatores como a escassez hídrica, que afetou as áreas produtoras e restringiu a oferta, como determinantes da alta nos preços. Este foi o caso do município de Irecê e, ainda segundo a SEI, em 2025, dentre os produtos da Cesta Básica de Salvador, a cebola acumula a maior variação anual (65,75%).

E o impacto da alta de preços também foi sentido no subgrupo de gêneros alimentícios próprios da refeição matinal soteropolitana, tradicionalmente formado por café, leite, açúcar, pão, manteiga, queijos e flocão de milho. Esses itens registraram alta de 4,46%, sendo responsáveis por 34,58% do valor da Cesta no mês de março de 2025.

Apenas seis produtos apresentaram redução, segundo a SEI. Foram eles a maçã (-6,25%), a carne de primeira (-2,19%), o óleo de soja (-1,74%), a cenoura (-1,27%), o macarrão (-0,87%) e o flocão de milho (-0,56%). Ainda conforme a superintendência, o trabalhador soteropolitano tem 43,85% do valor líquido de um salário-mínimo (R$ 1.404,15) comprometido pelo gasto com a Cesta Básica.

 

 

 

Tribuna da Bahia