A letalidade mais alta foi registrada entre idosos de 70 a 79 anos (16,5%)
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Mesmo com uma queda expressiva nos números, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) continua preocupando as autoridades de saúde na Bahia. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), até a 23ª semana epidemiológica de 2025 foram notificados 5.007 casos da doença e 191 óbitos. Em comparação com o mesmo período de 2024, houve uma redução de 18,7% no número de casos e de 48% nas mortes, quando foram registrados 6.162 casos e 367 óbitos.
Apesar da melhora nos indicadores, a infectologista Lorena Galvão fez um alerta importante: o período chuvoso e de temperaturas mais baixas pode agravar o cenário de SRAG no estado. “Essa época do ano é caracterizada pelo aumento da circulação dos vírus respiratórios. Também devemos lembrar que nos aproximamos de um período de festividades na região Nordeste, com aglomerações e grande fluxo de pessoas entre as cidades. Assim, a circulação dos vírus também é facilitada”, explicou.
A especialista destacou que a SRAG é uma infecção respiratória grave, caracterizada principalmente por falta de ar e queda da oxigenação do sangue. Os agentes mais comuns são os vírus Influenza, SARS-CoV-2 (Covid-19), Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e Rinovírus.
De acordo com Galvão, os casos tendem a crescer nesta época do ano em todo o país, e a Bahia segue a mesma tendência. “Segundo dados nacionais, a maior parte das unidades federativas apresenta incidência de SRAG em nível de alerta, de forma que não é algo isolado no estado da Bahia”, observou.
Em 2025, os dados mostram que a maioria dos casos ocorreu entre crianças menores de 1 ano (1.315), seguidas pelas de 1 a 4 anos (1.355). A letalidade mais alta foi registrada entre idosos de 70 a 79 anos (16,5%). A taxa geral de letalidade caiu de 6% em 2024 para 3,8% neste ano.
A incidência por 100 mil habitantes foi mais elevada entre os menores de 1 ano (757,5), seguidos pelos idosos com mais de 80 anos (271,6). Essa última faixa também concentrou o maior número de mortes, com 27 óbitos, seguida pelas pessoas de 70 a 79 anos (25 mortes).
Galvão ressaltou que crianças pequenas, idosos, pessoas imunocomprometidas, com doenças crônicas e gestantes são os mais vulneráveis a desenvolver formas graves da doença. Ela reforçou que a vacinação — especialmente contra a Covid-19 — é fundamental para a prevenção. “A vacinação é a principal forma de evitar quadros graves e deve ser priorizada, principalmente nesse período do ano.”
A evolução semanal dos registros de SRAG em 2025 mostra um crescimento até a 15ª semana, quando houve pico de 348 casos. A partir daí, os números começaram a cair, mas permanecem elevados, com mais de 200 notificações semanais até a 21ª semana. A análise mensal também aponta desaceleração: entre fevereiro e março, o crescimento foi de 61,7%; entre março e abril, 34,5%; e em maio, 33%.
Os casos com causa ainda em investigação predominam, mas já foram identificados diversos vírus em circulação simultânea no estado, o que mantém o alerta das autoridades de saúde.
Especificamente em relação à SRAG causada por Covid-19, a Bahia confirmou 323 casos e 40 mortes até a 23ª semana de 2025, contra 369 casos e 63 óbitos no mesmo período do ano passado — queda de 12,5% nos casos e de 36,5% nas mortes.
Já os registros por Vírus Sincicial Respiratório apresentaram redução ainda mais expressiva: foram 557 casos e 3 mortes este ano, frente a 1.779 casos e 16 óbitos em 2024 — recuo de 68,7% nas infecções e de 81,3% nos óbitos. As crianças menores de 1 ano seguem como grupo mais afetado, concentrando 43,2% das notificações, embora a letalidade nessa faixa tenha caído de 0,8% para 0,4%.
Mesmo com a queda nos números, a combinação entre clima, festas juninas e circulação viral reforça o alerta: o cenário exige vigilância e cuidados redobrados, principalmente entre os grupos mais vulneráveis.
Fonte: Tribuna da Bahia