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Bahia registra mais de 320 mil empresas inadimplentes em 2025

A combinação das altas taxas de juros e a redução do consumo, consequência do encarecimento do crédito, tem gerado um ciclo vicioso que agrava ainda mais a inadimplência

 

Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

 

A Bahia tem enfrentado um crescimento expressivo no índice de inadimplência no setor comercial, com um número alarmante de mais de 320 mil empresas registrando pendências financeiras. O levantamento realizado pela Serasa Experian revela que, em janeiro deste ano, 320.671 companhias do estado estavam com o CNPJ negativado. Esse número corresponde a 30,2% do total de negócios existentes na região, o que demonstra o impacto negativo da atual conjuntura econômica no comércio baiano.

De acordo com Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, o aumento da inadimplência na Bahia reflete um cenário econômico desafiador, com especial destaque para o efeito das altas taxas de juros sobre o crédito empresarial. “Com o custo do financiamento mais elevado, muitas empresas têm encontrado dificuldades em manter o fluxo de caixa equilibrado e honrar suas obrigações financeiras”, explica a especialista.

A combinação das altas taxas de juros e a redução do consumo, consequência do encarecimento do crédito, tem gerado um ciclo vicioso que agrava ainda mais a inadimplência. O impacto direto é percebido nas receitas das empresas, que enfrentam dificuldades para manter-se financeiramente estáveis.

O levantamento da Serasa Experian aponta que o valor total das dívidas atrasadas na Bahia ultrapassou a marca de R$ 5 bilhões, com um ticket médio de R$ 2.756,45 por empresa. Além disso, as empresas inadimplentes acumulam, em média, seis contas atrasadas, o que reflete a dificuldade enfrentada por muitos comerciantes e empresários em honrar seus compromissos financeiros.

O cenário na Bahia acompanha uma tendência nacional, onde o número de companhias inadimplentes chegou a 7,1 milhões, o maior valor registrado desde o início da série histórica do indicador. Esse total corresponde a 31,4% das empresas do Brasil. O valor total das dívidas atingiu a marca de R$ 154,9 bilhões, um aumento de R$ 4,3 bilhões em relação a dezembro de 2024.

A pesquisa ainda revelou que o setor de “Serviços” lidera entre as empresas com compromissos negativados, representando 52,4% do total. O “Comércio” ocupa a segunda posição, com 35,3% das empresas enfrentando dificuldades financeiras, seguido pelas “Indústrias”, com 8%. Além disso, a categoria de dívidas também mostra uma concentração significativa no setor de “Serviços”, que detém 31,7% das pendências, com os “Bancos e Cartões” representando 20,5% das dívidas.

Para enfrentar a crise da inadimplência, a economista Camila Abdelmalack sugere que os empresários adotem uma série de estratégias de gestão financeira. “É fundamental que as empresas busquem a renegociação de dívidas com fornecedores e instituições financeiras, fortaleçam o controle de caixa e procurem alternativas de crédito com condições mais acessíveis, como linhas de financiamento com taxas mais baixas”, orienta.

Outro ponto destacado pela economista é a importância de ações para melhorar o relacionamento com os clientes e diversificar as fontes de receita. “Investir na fidelização dos consumidores e na diversificação de produtos e serviços pode trazer mais estabilidade financeira e ajudar a minimizar os riscos de inadimplência”, conclui.

Um dado preocupante também foi registrado no levantamento: das 7,1 milhões de empresas inadimplentes no Brasil, 6,6 milhões são de micro e pequeno porte. Juntas, essas empresas somaram 45,8 milhões de dívidas, com um valor total de R$ 133,9 bilhões. Esse segmento, que representa uma parte significativa da economia, tem enfrentado as maiores dificuldades para manter-se saudável financeiramente.

 

 

 

 

Tribuna da Bahia