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A doação de órgãos na Bahia: Desafios e avanços

De acordo com dados da Sesab, em 2024, a Bahia registrou 3.733 pessoas aguardando por diferentes tipos de transplantes

 

Foto: Ruben Bonilla Gonzalo/Getty Images

 

A doação de órgãos é uma prática fundamental para salvar vidas, mas a realidade das filas de espera no Brasil ainda apresenta desafios significativos. Na Bahia, cerca de 60% das famílias se recusam a autorizar a doação de órgãos de parentes falecidos, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Esse alto índice de recusa impacta diretamente na capacidade de atender a demanda crescente por transplantes, que afeta pessoas de todas as idades em busca de uma segunda chance de vida.

A Situação Atual dos Transplantes na Bahia

A fila de espera por transplantes no estado é extensa e continua crescendo. De acordo com dados da Sesab, em 2024, a Bahia registrou 3.733 pessoas aguardando por diferentes tipos de transplantes, sendo 2.017 para transplantes de rim, 48 para fígado, 1 para coração e 1.715 para córneas. Esses números evidenciam a necessidade urgente de mais doações para salvar vidas e reduzir o tempo de espera de pacientes que enfrentam situações de risco.

Em termos de transplantes realizados, o estado teve 65 transplantes de córneas em 2024, com uma taxa de recusa familiar para a doação de córneas de 56,7%. A doação de múltiplos órgãos também apresentou números positivos, totalizando 169 doações em 2024, e o transplante de rim de doador falecido foi o mais realizado, com 261 procedimentos no ano passado. Embora esses números mostrem avanços, a demanda ainda supera a oferta de órgãos.

Transplantes Realizados em 2024

· Doação de múltiplos órgãos: 169

· Doação de córnea: 861

· Transplante de rim (doador falecido): 261

· Transplante de rim (doador vivo): 34

· Transplante de fígado: 61

· Transplante de coração: 7

· Transplante de córnea: 557

· Transplante de pele: 1

· Transplante de medula óssea: 119

Esses dados mostram que, apesar do aumento nas doações e transplantes, ainda há uma grande lacuna entre o número de pacientes esperando por órgãos e a quantidade de doações que estão sendo realizadas.

A resistência das famílias em autorizar a doação de órgãos é um dos maiores obstáculos enfrentados pelos profissionais de saúde. Apesar das campanhas de conscientização sobre a importância da doação, cerca de 60% das famílias na Bahia ainda se recusam a permitir a retirada de órgãos de entes queridos falecidos.

A decisão de autorizar ou não a doação é extremamente difícil para muitas famílias, que enfrentam um momento de luto. No entanto, especialistas ressaltam que essa negativa impede que outros pacientes tenham a oportunidade de receber órgãos vitais e salvar suas vidas.

Para mudar esse cenário, é essencial intensificar as campanhas de conscientização, que explicam os benefícios da doação e buscam quebrar tabus. A Sesab tem realizado ações educativas contínuas, com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgãos. A educação permanente e campanhas de marketing têm sido ferramentas fundamentais para aumentar a compreensão sobre o tema e incentivar mais pessoas a se tornarem doadoras.

Como ser um doador de órgãos

O primeiro passo para se tornar um doador de órgãos é comunicar sua vontade à família. A legislação brasileira exige que a família autorize a doação, mesmo que a pessoa tenha manifestado seu desejo de ser doadora. Não é necessário fazer um documento formal ou registrar em cartório – basta que os familiares saibam que você deseja ser um doador de órgãos.

Essa comunicação facilita o processo de doação no momento crítico e pode fazer toda a diferença na vida de alguém que está esperando por um transplante.

Como se tornar um doador de órgãos

· Comunique sua decisão à família: A vontade de ser doador deve ser compartilhada com seus familiares para que eles possam autorizar a doação, caso necessário.

· Não é necessário documento formal: A lei brasileira não exige documentos oficiais ou registros em cartório. O importante é que sua família esteja ciente da sua decisão.

· Respeite a vontade de um parente doador: Se alguém da sua família expressou o desejo de ser doador, é importante respeitar essa vontade, pois ela pode salvar vidas.

· A doação é um ato de solidariedade: Ao se tornar um doador, você contribui diretamente para a melhoria da qualidade de vida de pessoas que precisam urgentemente de um transplante.

· A importância de dizer sim: Sua autorização pode salvar a vida de várias pessoas, promovendo a saúde e o bem-estar de quem mais precisa.

Tribuna da Bahia