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Bonfim reúne 2 milhões de pessoas com esperança de ano promissor

Foto: Romildo de Jesus/Tribuna da Bahia

 

 

Todos os caminhos em Salvador levaram a Colina Sagrada, ontem, em mais uma caminhada de oito quilômetros da Igreja Conceição da Praia até a Basílica de Nosso Senhor do Bobnfim.

Segunda maior festa popular da Bahia, a Lavagem do Bonfim comemorou neste 2025 os 280 anos da existência da basílica que durante todo esses anos tem sido ponto de encontro e símbolo da paz, da gratidão e da proteção do povo baiano e do mundo.

Um dos temas mais abraçados no festejo foi “Temos Fé na Bahia”: uma forma de emanar os desejos pelo estado e de mostrar que os baianos seguem firmes pela democracia e pela igualdade social.

A festa mais uma vez fortaleceu a ideia de que a fé, em suas várias manifestações, é uma força viva que se atualiza e se adapta, sem perder suas raízes nascidas na Bahia. A presença de entidades de matriz africana, das baianas de acarajé, e do sincretismo com orixás com Iemanjá e Oxalá, não apenas enriqueceram o evento, mas evidenciaram o caráter plural e inclusivo da Lavagem.

A estimativa é que tenham passado pelo trajeto pelo menos duas milhões de pessoas, de todos os credos religiosos, fazendo do espaço um celeiro cultural e símbolo da união entre sagrado e profano. Fanfarras e performances artísticas de diversos municípios marcaram presença nesse evento que projeta a Bahia para o Brasil e para o mundo.

Devotos, fiéis, ateus, turistas e visitantes de diversos lugares da Bahia e do país cumpriram o circuito que para muitos é considerado um rito para iniciar o novo ano, com as bênçãos de Senhor do Bonfim, de Oxalá e de Xangô e Iansã, estes dois últimos considerados regentes do ano.

Foto: Romildo de Jesus

Autoridades e gestores também marcaram presença na saída da imagem do Nosso Senhor, no Comércio, onde aconteceu um ato ecumênico pedindo paz e união, marcando o respeito as diferenças e o amor ao próximo.

“Hoje é um dia de agradecimento ao Senhor do Bonfim, a Nossa Senhora da Conceição, pela nossa saúde, pela paz no Brasil, pela paz no mundo, pelo emprego que a gente tanto luta para conseguir para as pessoas”, disse o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.

A procissão de quase 8 km percorreu as ruas do Comércio a Cidade Baixa com muita gente em oração, alegria e fé, mas principalmente resistência de caminhar debaixo do sol, e por vezes chuva, até o destino final.

Este ano o tema da Lavagem do Bonfim é “Encharque o Coração de Esperança”, em alusão ao Ano Jubilar de Esperança instituído pelo Papa Francisco.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), ao lado da vice-prefeita Ana Paula, falou da importância da festa para a cidade, o estado e o país. “Essa é a maior festa cívica, religiosa, da nossa cidade. Uma das maiores, se não for a maior, do Brasil. No momento em que todos estamos aqui para agradecer pelas bênçãos de 2024, para pedir as proteções para 2025, pedir que a gente possa ter uma cidade melhor”, afirmou Bruno.

O conceito de “concretismo religioso”, tão presente na Lavagem do Bonfim, mais uma vez se refletiu na prática de transformar a fé em ação tangível.

“Ao lavar os degraus da igreja, os baianos não apenas cumprem um rito de devoção, mas concretizam sua fé em um ato físico, repleto de simbolismo. A lavagem, portanto, é mais do que um ritual de purificação; é uma manifestação de como a religiosidade se traduz no cotidiano, na relação direta com o sagrado e na materialização da crença”, afirma a devota e professora de filosofia aposentada, Rita Maria Casal.

 

 

Fonte: Tribuna da Bahia.