“A meningite viral é a mais comum e, muitas vezes, passa despercebida, pois costuma apresentar baixo impacto e sintomas leves”
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Todos os anos, muitas pessoas perdem a vida devido à meningite, uma doença endêmica no Brasil, com casos registrados ao longo de todo o ano. Embora surtos e epidemias ocorram ocasionalmente, as meningites bacterianas são mais comuns no outono e inverno, enquanto as virais predominam na primavera e verão. Além disso, a doença afeta mais frequentemente pessoas do sexo masculino.
Em 2024, a Bahia registrou 446 casos de meningite, com Salvador liderando o ranking com 152 casos, seguida por Feira de Santana (17), Vitória da Conquista (13), Teixeira de Freitas (5) e Simões Filho (5). Esses dados representam uma redução em relação a 2023, quando foram contabilizados 470 casos, conforme informações da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
O infectologista Adriano Oliveira explicou que a meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o sistema nervoso central, conhecidas como dura-máter, pia-máter e aracnoide. “Quando essas estruturas inflamam, ocorre a meningite”, destacou o especialista.
Segundo Oliveira, a doença pode ter diversas causas, incluindo efeitos químicos, como substâncias presentes no sistema nervoso central, ou efeitos físicos, como radiação. Ele também detalhou as meningites infecciosas, que podem ser bacterianas, virais, fúngicas ou parasitárias.
“A meningite viral é a mais comum e, muitas vezes, passa despercebida, pois costuma apresentar baixo impacto e sintomas leves”, explicou Oliveira. Por outro lado, as meningites bacterianas apresentam maior gravidade, especialmente as causadas por meningococos, devido à sua evolução rápida. O especialista relembrou o surto histórico de meningite na década de 1970, que resultou em muitas mortes, principalmente de crianças.
O infectologista destacou que as meningites bacterianas graves podem causar aumento da pressão intracraniana, levando a sintomas como diminuição do nível de consciência, convulsões, delírios e vertigens. “Em casos mais severos, o paciente pode desenvolver meningoencefalite, entrar em coma profundo e ter alto risco de óbito”, alertou.
Quanto aos cuidados, o especialista explicou que variam conforme o tipo de meningite. Pacientes com meningite meningocócica, por exemplo, precisam de isolamento, pois a doença é transmissível. Já meningites pneumocócicas e tuberculóticas não requerem isolamento. “No caso da tuberculose, para ser transmissível, ela precisa estar no pulmão, que representa 80% dos casos. Os outros 20% podem acometer locais como o sistema nervoso central”, esclareceu Oliveira.
Oliveira concluiu enfatizando que o tratamento deve ser adequado ao agente infeccioso causador da doença. A prevenção, com vacinação e medidas higiênicas, continua sendo uma das principais formas de controle da meningite.
Tribuna da Bahia