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Ivana Bastos promete ampliar debates e projetos para a Bahia

A DEPUTADA Ivana Bastos (PSD) entrou para a história ao se tornar a primeira mulher a assumir a presidência da Assembleia Legislativa da Ba

 

Foto: Divulgação/Ascom

 

A deputada Ivana Bastos (PSD) entrou para a história ao se tornar a primeira mulher a assumir a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) em 190 anos. Em entrevista à Tribuna, a parlamentar falou sobre o significado dessa conquista para sua trajetória e para a participação feminina na política. “Passa um filme na minha cabeça de quando comecei. Perdi três eleições seguidas antes de conseguir meu primeiro mandato. Chegar à presidência da Assembleia é uma responsabilidade grande, mas que me fortalece”, afirmou Ivana. Para ela, sua eleição é um incentivo para que mais mulheres ocupem espaços na política. A nova presidente também comentou sobre os desafios do processo judicial que resultou na saída de Adolfo Menezes (PSD), destacou suas prioridades no cargo e ressaltou a necessidade de fortalecer o debate legislativo e a relação da Casa com o governo estadual. “O que for bom para o povo baiano, precisamos discutir e levar ao plenário”, disse. Além disso, reforçou a importância da inclusão social como marca da gestão de Jerônimo Rodrigues (PT) e indicou que o PSD deve manter protagonismo na política baiana.

Tribuna – A senhora é a primeira mulher a assumir a presidência da Assembleia Legislativa em 190 anos. O que é que essa conquista representa para a sua trajetória e também para a participação feminina na política baiana?

Ivana Bastos – Olha, após 190 anos a primeira mulher a chegar é você começar a fazer história. Passa um filme na minha cabeça de quando eu comecei lá atrás. Eu pedi as minhas três primeiras eleições como primeira suplente. Eu fiquei na primeira suplência, nunca assumi um dia e perdi as três eleições consecutivas. Eu hoje estou no meu quarto mandato e chegar à presidência da Assembleia é uma responsabilidade muito grande, mas é uma responsabilidade que me deixa mais encorajada, que me deixa mais fortalecida. E eu acredito muito que para as mulheres que hoje está havendo uma mulher na presidência da Assembleia Legislativa é motivo de inspiração, é motivo de reforçar que a mulher tem muito espaço na política. Não é fácil, porque a gente enfrenta desafios diários. A gente enfrenta, pra mim, começar na política, eu tive desafios de família dentro de casa, de municípios, de lideranças políticas que diziam pra mim que preferia votar em um homem do que votar em uma mulher. E a gente lutando, quebrando barreiras, eu estou assim muito feliz, eu estou com a responsabilidade muito grande de 190 anos chegar uma mulher, mas também a realização de um sonho, realização de uma missão que tem dado certo.

Tribuna – A senhora assume após a decisão do STF em relação ao ex-presidente Adolfo Menezes, como é que foi para a senhora lidar com esse contexto, nesse processo de análise da justiça até chegar a essa decisão e também agora, como é que foi para a senhora a atuação nesse período?

Ivana Bastos – Meu nome desde o início foi posto para a candidatura de presidente da Assembleia. Quando a Casa decidiu votar no deputado Adolfo Menezes, que é do meu partido, que é companheiro nosso, para o terceiro mandato, a gente sabia da possibilidade que poderia ter alguma intervenção jurídica, a gente sabia da possibilidade que poderia ter algum problema jurídico. Meu nome foi posto aí na primeira vice, também se caso houvesse esse questionamento jurídico que eu estaria ali preparada para assumir no lugar de Adolfo. A eleição aqui na Assembleia Legislativa é feita separadamente. Cada voto, cada cargo tem a sua cédula. Uma não conta com a outra, como você vota pra prefeito e vice-prefeito. Não, aqui você vota pra presidente. O deputado Adolfo teve 62 votos. Tinha um deputado ausente e teve Hilton Coelho, então ele teve a maioria absoluta da casa. Eu tive 56 votos, com 4 votos nulos. Então, eu tive 56 votos, então eu também fui referendada para estar aqui. Foram votos separados. Não foi a votação do Adolfo que passou para a deputada Ivana. A Casa também me abraçou. E a gente sabia que poderia acontecer isso. Mas eu tive uma opção pessoal minha de esperar a decisão do Supremo. Foi uma decisão pessoal e o painel do Supremo foi aberto entre o dia 21 e dia 28. E eu continuei atendendo na primeira vice-presidência. Continuei fazendo o meu papel de primeira vice. Agora, quanto era necessário para que a casa continuasse andando, eu assumia o papel de presidente nas coisas básicas, mas atendendo lá com muita cautela e com muito respeito ao deputado Adolfo. O resultado saiu no dia 27. Ontem, que foi o primeiro dia útil, eu cheguei realmente aqui à presidência da Casa.

Tribuna – Quando é que vai ter a sua cerimônia de posse oficial? E se sim, quando é que vai ser?

Ivana Bastos – Cerimônia de posse não tem. Quando o deputado Adolfo foi afastado no dia 10 de fevereiro, no dia 11 a Assembleia Legislativa foi citada pelo Supremo. Imediatamente eu tomei posse ali. Eu assinei a posse que foi publicada no Diário Oficial logo no afastamento. Eu estou aqui hoje. Lá no dia 10 de fevereiro foi dada a liminar do afastamento de Adolfo. Esse afastamento foi votado pela Corte, agora mantendo. Então eu cheguei à Assembleia oficialmente agora no dia 6 de março. Foi dia 28 de fevereiro a decisão, mas era carnaval. Então, a posse, eu já tomei posse lá no dia 11.

Tribuna – Vai haver uma nova eleição?

Ivana Bastos – O Supremo vai votar agora o mérito. No mérito ele pode pedir uma nova eleição ou não. Caso peçam a nova eleição, eu estou muito tranquila. Eu estou muito tranquila, meu nome está posto. Eu tenho recebido o apoio dos deputados desta casa, que tem sido, assim, muito importante. Os deputados estão sendo solidários, têm dado apoio, estão ao meu lado. Isso eu estou muito tranquila, porque eu também estou ao lado deles. Então, caso o Supremo determine uma nova eleição, estou muito tranquila em relação a isso. Faremos uma nova eleição. Caso não determine, a gente continua aqui com missão.

Tribuna – E quais serão suas prioridades na sua gestão? A senhora tem algum projeto ou pauta que a senhora pretende acelerar? O que a senhora está pensando?

Ivana Bastos – Eu acredito que a gente precisa discutir mais os projetos. As comissões da casa, elas precisam funcionar mais, elas precisam ter uma celeridade, elas precisam ter mais resultados. E nós precisamos levar mais projetos de deputados para o plenário. A gente representa aqui a sociedade, a gente representa aqui o povo baiano. E o que for bom para o povo baiano, a gente precisa discutir e a gente precisa levar para o plenário. Então eu acredito que a gente vai poder votar mais projetos e a gente vai ter comissões porque a gente vai poder discutir mais os temas, mais os problemas e os projetos que sejam dessa Casa. Nós somos um poder independente, mas a gente trabalha com o Governo do Estado, a gente trabalha com a Defensoria Pública, a gente trabalha com o TJ, a gente trabalha com o Ministério Público. Então, a gente vai discutir a sociedade. Eu quero poder aqui discutir mais a sociedade, discutir mais a Bahia.

Tribuna – Como é que a senhora pretende conduzir a relação com o governo estadual, considerando que a Assembleia tem um papel muito importante nessa mediação entre legislativo e executivo?

Ivana Bastos – O governo do estado é um parceiro da Assembleia Legislativa. Nós somos independentes, mas as pautas positivas do governo nós estamos aqui para defender. Nós estamos aqui para defender o povo baiano e o governador Jerônimo Rodrigues, ele tem sido parceiro. Ele não tem interferido na Assembleia Legislativa. Ele tem respeitado também todos os poderes.

Então, nós estamos aqui para somar para ter uma sociedade mais justa. Nós temos o apoio aqui das maiores lideranças. Nós temos o apoio do senador Otto Alencar, que é o presidente do meu partido, que é meu grande líder, tem sido assim muito forte, tem me dado o seu braço, a sua mão direita. O apoio do governador Jerônimo, que é parceiro nosso, do ex-governador Rui Costa, que hoje é o ministro da Casa Civil, do senador Jaques Wagner, do senador Coronel e dos 62 deputados têm sido muito importante para que a gente possa realmente trilhar uma boa administração nessa Casa, para que a gente possa realmente fazer uma história. A história dos 190 anos da primeira mulher que chega à Presidência da Assembleia Legislativa.

Tribuna – Além de ampliar essa discussão de projetos de deputados, que caminho a senhora pretende seguir diferente de Adolfo?

Ivana Bastos – Olha, eu estou conhecendo a casa. Eu cheguei ontem à presidência, mas eu quero discutir. Eu quero discutir com 62 deputados, certo? Eu quero discutir com tanto a bancada do governo como a bancada de oposição. Eu quero discutir. Eu quero dividir com eles esse trabalho. E eu acredito muito que, com a força dos deputados, a gente possa, sim, fazer muito por essa Bahia.

Tribuna – Quais são, na sua avaliação, os principais gargalos do Estado hoje, de modo geral, em termos de gestão, de necessidades do Estado e que a Assembleia, sem dúvida, pode ajudar o governo e ajudar também os deputados a solucionar?

Ivana Bastos – Olha, o governo do estado, eu sou uma deputada basicamente do interior. A minha maior base eleitoral é a região sudoeste e a região da Chapada Diamantina. Esses dois territórios que me deram a votação de 118 mil votos, sendo a deputada mais votada entre homens e mulheres nessa última eleição. E na minha região, a gente tem um trabalho muito forte de infraestrutura, e o governo tem feito isso. E aqui na Assembleia Legislativa a gente tem votado leis, a gente tem votado os empréstimos para que a gente possa fazer essas obras. Então nós estamos aqui, os projetos que vierem do governo, que representarem a sociedade, nós estamos aqui para ajudar. Nós votamos aqui no aumento efetivo da polícia. Isso foi um papel aqui da Assembleia Legislativa, certo? E que a gente vê que os homens estão indo para a rua, que a gente está tentando acertar. Nós votamos aqui projetos relacionados à saúde, onde nós temos várias policlínicas sendo construídas, hospitais sendo construídos. Então, eu acho que o papel nosso é trabalhar, nós somos independentes, mas trabalhar com harmonia. O que for bom para o povo baiano, nós vamos estar aqui para defender. Eu acredito que toda casa tem feito isso. O Bahia Sem Fome teve uma participação muito grande da Assembleia Legislativa. Então são essas pautas que a gente está aqui para defender a sociedade.

Tribuna – Quais seus planos para 2026, incluem a busca pela reeleição como deputada estadual? E eu também queria aproveitar para saber se o PSD vai lutar para manter esse espaço na chapa majoritária de Jerônimo.

Ivana Bastos – O PSD é o maior partido da Bahia, tanto com o número de deputados estaduais, como com o número de prefeitos de vereadores. O PSD é um partido parceiro do Governo do Estado. E eu acredito, sim, na participação do PSD em todas as decisões do Governo do Estado. Assim tem o trabalho, assim a harmonia entre o ministro Rui Costa, o senador Jaques Wagner, o governador Jerônimo. É um trabalho de parceiros. Eu acredito, sim, que o PSD tem, sim, muito espaço na próxima eleição.

Tribuna – Jerônimo chega forte na eleição de 2026?

Ivana Bastos – Se esse trabalho dele continuar, como eu tenho certeza que vai continuar, ele chega muito forte. Porque ele tem representado a Bahia de ponta a ponta. Ele tem sido presente. Ele tem um carisma muito forte. O Jerônimo tem sido gente de gente. O Jerônimo está no meio do povo. O Jerônimo tem lutado. Ele tem se dedicado a vida dele aí em defender essa Bahia, em defender o povo que mais precisa. Então, eu acredito muito. Nós temos um grupo muito forte. Nós temos a maioria de prefeitos, a gente tem as cidades do interior. Se você fizer um balanço no interior. Tem muita ação do governo. Então, eu acredito que Jerônimo já se credencia a ser o próximo governador da Bahia.

Tribuna – E qual a senhora acha que é a marca da gestão de Jerônimo nesse primeiro mandato?

Ivana Bastos – A inclusão social. A inclusão social eu acho que é uma coisa muito positiva do Jerônimo. Eu pude presenciar agora no Carnaval da Bahia o Jerônimo ali defendendo os catadores e catadoras. Um trabalho de reciclagem. Um trabalho fantástico da primeira-dama, a professora Tatiana, mas que Jerônimo ali em todas as reuniões, em todos, defendendo a agricultura familiar. O Jerônimo tem feito, tem chegado na ponta, tem chegado no programa Água para Todos. Para quem realmente tem precisado, é onde o Jerônimo tem chegado.

Tribuna – E por fim, qual é a mensagem que a senhora deixa para o povo da Bahia, principalmente para as mulheres, diante dessa conquista sendo a primeira mulher à frente do Legislativo baiano?

Ivana Bastos – Olha, nós estamos aqui defendendo, brigando por uma sociedade mais justa, mais inclusiva, certo? Eu acho que isso vem muito do governo Jerônimo e muito desse grupo político. A gente precisa combater a desigualdade. Então, o governo tem tido essa preocupação. E uma mensagem que eu deixo para as mulheres é que a gente precisa acreditar que uma mulher no parlamento é a defesa das causas femininas. Que a mulher tem que estar onde ela quiser. E na política ela faz a diferença. E desejar a todas as mulheres que todos os 365 dias do ano a gente tem que comemorar. Mas a gente tem um dia especial, que é o 8 de março e a minha alegria de chegar à Presidência da Assembleia Legislativa da Bahia sendo a primeira mulher. É muito forte isso para mim, em 190 anos, no mês de março. Então a responsabilidade é grande, estou preparada para assumir essa responsabilidade.

 

 

 

 

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