O deputado estadual Vitor Azevedo tem intensificado sua atuação política na Bahia
Foto: Neusa Costa Menezes/Agência ALBA
O deputado estadual Vitor Azevedo (PL) tem intensificado sua atuação política na Bahia, ampliando alianças e consolidando sua posição na base do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Em entrevista à Tribuna, ele diz que recentemente articulou a aproximação de prefeitos da oposição com o governador, incluindo o gestor de Tanhaçu, Valdemir Gondim (PSD). Ele também tem atuado para fortalecer consórcios municipais e já planeja levar o prefeito de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), para reuniões com o governo. Apesar de integrar o PL, mesmo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Azevedo minimiza as especulações sobre sua expulsão da sigla e reafirma seu compromisso com a gestão e o fortalecimento da base governista para 2026.
Confira a entrevista completa:
Tribuna – O senhor apresentou um projeto de lei para garantir prioridade de matrícula a alunos com TEA em escolas da rede estadual. O que o motivou a propor essa medida?
Vitor Azevedo – Eu tenho relação com pessoas, famílias e entidades que tratam do Transtorno do Espectro Autista (TEA) desde antes de ser deputado. Em 2023, conseguimos aprovar uma lei importante, sancionada pelo governador Jerônimo Rodrigues, que torna os laudos para pessoas com TEA e Síndrome de Down permanentes. Antes, as famílias, principalmente do interior, tinham que se deslocar quilômetros para renovar esses laudos. Estamos, ainda, articulando com o governo do Estado para colocar em prática em cidades da Bahia o projeto Casa TEA, idealizado pela professora Patrizia Andrade Ferreira, que é uma liderança e empresária do município de Laje referência para esse segmento. Essa é uma ideia inovadora que vai garantir, num único espaço, áreas para educação, assistência social e saúde, com foco no bem-estar e desenvolvimento de crianças e adolescentes autistas. Sobre o projeto que você citou, nosso objetivo é garantir que as crianças e adolescentes com TEA possam estudar perto da casa ou do trabalho dos pais ou responsáveis, porque essa aproximação é fundamental para o sucesso do processo de aprendizagem e desenvolvimento desse público.
Tribuna – O senhor também é autor de um projeto de lei que cria a Região Metropolitana do Sudoeste da Bahia. Qual o objetivo dessa proposta?
Vitor Azevedo – Esse projeto surgiu de uma conversa que tive com o vereador de Vitória da Conquista Ivan Cordeiro (PL), que é o atual presidente da Câmara Municipal da chamada Suíça baiana, terra onde, por sinal, recebi o título de cidadão. A ideia, de forma resumida, é integrar os 37 municípios da região para fortalecer os pleitos de todos, inclusive na interlocução com os governos federal e estadual, atuando de forma articulada no planejamento e a execução dos serviços públicos e iniciativas em áreas como captação de investimentos, por exemplo. O projeto cria um conselho formado pelos prefeitos e alguns secretários municipais, para apoiar, propor e estimular as medidas de interesse comum.
Tribuna – Falando em municípios, o senhor tem atuado, segundo a imprensa divulgou recentemente, para levar prefeitos da oposição para a base do governo, como aconteceu recentemente com o gestor de Tanhaçu, Valdemir Gondim (PSD). A estratégia do governador Jerônimo Rodrigues (PT) de enfraquecer a oposição mirando 2026…
Vitor Azevedo – Veja, eu sempre levei os prefeitos dos municípios que represento para audiências com o governador ou com secretários do governo, até porque sou membro da base aliada desde o início do meu mandato. E, neste começo de ano, o governador tem demonstrado uma preocupação especial com prefeitos e prefeitas que tomaram posse e encontraram uma situação de verdadeira calamidade pública em suas cidades, aquela chamada herança maldita. Isso aconteceu, por exemplo, em Nazaré, cujo prefeito Benon Cardoso (PSD) foi recebido recentemente pelo governador, levado por mim. Também já levei para audiências prefeitos como os de Varzedo, Itagimirim, Teofilândia, Tabocas do Brejo Velho, Muritiba e Tanhaçu, que hoje estão na base aliada. Porém com o objetivo, como sempre faço, de viabilizar recursos para a saúde, educação, infraestrutura, saneamento, entrega de veículos e maquinários agrícolas. Acho também que essa é a preocupação do governador. No mais, costumo dizer que o apoio político a gente conquista com trabalho. E temos um governador que tem trabalhado muito, o que incomoda a oposição.
Tribuna – Se fala também que o senhor tem articulado para que o prefeito de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), que votou em João Roma (PL) e ACM Neto (União) em 2022, para a base do governo. Isso vai acontecer?
Vitor Azevedo – Eu já levei Ednaldo, que é meu amigo pessoal, para uma audiência com o secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, que tem sido uma verdadeira mão na roda para o governador na área da articulação política. Isso aconteceu antes e depois da eleição do prefeito para a presidência do Consórcio Territorial do Recôncavo, região em que tenho o orgulho de ser um dos representantes na Assembleia. Com o apoio de outros atores políticos, conseguimos, nessa audiência, garantir que o governo ficasse neutro na disputa, o que foi fundamental para a vitória de Ednaldo. Claro que irei levar, em breve, o prefeito de Cruz das Almas para uma audiência com o governador, visando justamente fortalecer o consórcio por meio de ações em parceria com o governo baiano, bem como tratar das questões de Cruz das Almas. Mas o objetivo é, inicialmente, falar de gestão. Como eu disse anteriormente, o apoio político se conquista por meio do resultado do trabalho. É claro que eu desejo que Ednaldo esteja na base do governo que eu apoio, mas essa não é a pauta principal neste momento.
Tribuna – O senhor afirmou que mantém uma relação pessoal com João Roma, mas houve um afastamento de vocês por conta de sua posição em relação ao governo Jerônimo?
Vitor Azevedo – Eu continuo tendo uma excelente relação pessoal com o ex-ministro, que sempre respeitou o meu posicionamento na Assembleia, o meu e o do deputado Raimundinho da JR, que é do PL e também integra a base do governo. Eu votei em Jerônimo desde o segundo turno das eleições de 2022. E sou da base governista desde que assumi o meu mandato.
Tribuna – Circulam informações sobre sua possível expulsão do PL. Como o senhor responde a essas especulações?
Vitor Azevedo – Houve a abertura de um processo disciplinar, que não fala em expulsão, contra mim e outros parlamentares do PL, inclusive da oposição ao governo estadual. Eu já respondi oficialmente. Agora, só o partido pode falar sobre isso.
Tribuna – O senhor já considera alternativas partidárias?
Vitor Azevedo – Meu foco neste ano é exercer bem o meu mandato, defendendo os interesses dos municípios que represento. Fui eleito para isso. Nunca fui um político de veia ideológica. Saí dos bastidores da política, após passar por diversos cargos de assessoria e atuar em várias campanhas, e entrei na vida pública por uma vocação que devo ter herdado dos meus avós, que foram deputados, e para servir aos que confiaram em mim por meio do voto. Só vou pensar em partido em 2026.
Tribuna – Como o senhor avalia o futuro do PL na Bahia e o impacto dessas disputas na legenda?
Vitor Azevedo – Quem fala pelo PL é o seu presidente estadual. Acho que, com toda consideração, não sou a pessoa certa para fazer essa avaliação. Estou focado no meu mandato, e não em questões partidárias. Não tenho muito tempo sobrando para isso.
Tribuna – Como o senhor avalia a gestão do governador Jerônimo Rodrigues até o momento?
Vitor Azevedo – O governador tem mostrado uma grande sensibilidade para tratar das questões que de fato interessam à população. Ele tem atuado de maneira muito forte nas áreas essenciais, a exemplo da saúde, da educação, do combate à fome, da infraestrutura, do abastecimento de água. E acredito que esses dois últimos anos do governo serão de muitas entregas, de muitas ações em parceria com as prefeituras. Imagino, inclusive, que isso é que tem deixado a oposição meio nervosa, fazendo críticas muitas vezes infundadas e até desrespeitosas ao governador.
Tribuna – Como avalia a relação do governo do estado com a Assembleia Legislativa?
Vitor Azevedo – Eu já elogiei antes na entrevista o trabalho de Adolpho Loyola, que tem a função de cuidar desse relacionamento. Ele tem tido tanto sucesso que há elogios até da bancada de oposição. Eu creio que, nesse aspecto, o governo vai crescer muito também nesses dois últimos anos. Além disso, o governador é um político de fácil trato, que recebe bem os deputados, que tem uma extrema capacidade de dialogar e entender as demandas que levamos até ele.
Tribuna – Houve interferência do governador na eleição da Mesa Diretora da Assembleia?
Vitor Azevedo – Eu acho que o governador atuou apenas para colaborar com o processo e evitar um clima de disputa na base, o que ninguém queria, sobretudo por conta da primeira vice-presidente, já que a reeleição do deputado Adolfo Menezes (PSD) para a presidência sempre foi praticamente uma unanimidade dentro da Casa, pela excelente gestão que ele tem feito. Além disso, a postura do líder do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), ajudou muito Jerônimo em prol da união da base, assim como o deputado Angelo Coronel Filho (PSD), que nunca deixou de se colocar como aliado do governador. Creio que o resultado final foi bom para todo mundo.
Tribuna – O ministro Gilmar Mendes, do STF, afastou Adolfo temporariamente na semana passada. A partir dessa decisão, o que o senhor acha que pode acontecer em relação ao comando da Assembleia?
Vitor Azevedo – Veja, temos que esperar qual será a decisão final do Supremo, pois o que ocorreu foi um afastamento temporário do deputado Adolfo Menezes até que o mérito da questão seja julgado. Parece que o julgamento vai acontecer entre os dias 21 e 28 agora de fevereiro, então temos que aguardar esse desfecho. Hoje, o clima na Assembleia é de cautela e também de expectativa sobre o que os ministros do STF irão decidir de forma coletiva.
Tribuna – O senhor vê Bolsonaro como o principal líder da direita para 2026, ou acredita que novos nomes podem surgir?
Vitor Azevedo – Creio que quem deve fazer essa análise são as lideranças da direita.
Tribuna – Na Bahia, quem poderia ser o principal nome da direita para enfrentar o grupo do PT nas próximas eleições estaduais?
Vitor Azevedo – Prefiro falar apenas do meu time. Não vou comentar o time adversário. Acho que Jerônimo vai chegar muito forte para a reeleição em 2026. E a oposição sabe disso. Talvez por conta disso esteja elevando o tom, partindo até para ataques pessoais contra o governador. Eu tenho confiança e vou trabalhar pela reeleição de Jerônimo.
Tribuna da Bahia