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Festa de Iemanjá: Baianos e turistas Celebram 103 anos de fé e gratidão

Iemanjá é uma das orixás mais veneradas nas religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda

 

 

Foto: Romildo de Jesus/Tribuna da Bahia

 

 

Desde as primeiras horas do dia 2 de fevereiro, o bairro do Rio Vermelho, em Salvador, foi tomado por uma atmosfera de devoção e celebração. Baianos e turistas se reuniram para prestar homenagens à Rainha do Mar, Iemanjá, que completou neste ano 103 anos de fé e gratidão. Com o tema “Renascer com as Águas de Yemanjá”, a Prefeitura de Salvador, em parceria com a Colônia de Pesca Z1, organizou uma programação repleta de simbolismo e reverência à orixá.

A festa teve início na madrugada de sábado (1º), com a tradicional entrega do presente de Oxum no Dique do Tororó, um ritual que começou pontualmente à meia-noite. O presente foi conduzido pelo Terreiro Olufanjá – Ilê Axé Iyá Olufandê, localizado no bairro do Beiru, e seguiu até o Barracão Casa do Peso, onde milhares de fiéis aguardavam para prestar suas homenagens. A fila quilométrica era um reflexo da devoção dos participantes, que não mediram esforços para entregar flores, perfumes e presentes à orixá.

 

 

Foto: Romildo de Jesus

 

Luana Dantas, supervisora de operações, estava entre os devotos. Com um sorriso de felicidade, ela explicou sua conexão pessoal com Iemanjá: “Tenho a maior satisfação e muita felicidade em ter saúde e estar de pé para entregar essas flores para ela, que tanto faz parte da minha vida e ilumina os meus caminhos.” Luana também falou sobre sua forma de celebrar: “Eu gosto de participar assim, venho aqui, olho tudo, contemplo, fico feliz por tanta gente vir aqui só por ela, entrego meus presentes, agradeço e vou para a minha casa.”

Lucas Almeida, acompanhado pela esposa e filha, também seguiu a tradição. Para ele, Iemanjá representa a abertura de caminhos e muitas bênçãos em sua vida. “Eu realmente só tenho a agradecer. Incontáveis são as bênçãos que aconteceram e que acontecem, não só na minha vida, mas também na vida de toda minha família”, disse, emocionado.

A segurança e organização do evento foram reforçadas com a presença de aproximadamente mil policiais, bombeiros e peritos, conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Para garantir a segurança dos participantes, foram utilizadas 44 câmeras de monitoramento e uma Plataforma Elevada de Observação (POE), além da ativação do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) para monitoramento em tempo real. O uso do Sistema de Reconhecimento Facial também foi implementado para auxiliar na identificação de eventuais foragidos da Justiça.

 

Foto: Romildo de Jesus

 

 

A História de Iemanjá

Iemanjá é uma das orixás mais veneradas nas religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda. Com origens nas tradições iorubás da África Ocidental, especialmente na Nigéria e Togo, ela é considerada a divindade dos mares, rios e da fertilidade. Seu nome, que em iorubá significa “mãe cujos filhos são peixes”, reflete sua profunda ligação com a água.

No Brasil, o culto a Iemanjá foi trazido pelos africanos escravizados durante o período colonial e se consolidou ao longo dos anos, principalmente na Bahia, onde é reverenciada como a Senhora do Mar e Mãe dos Orixás. A orixá é especialmente venerada por pescadores, marinheiros e todos aqueles que se relacionam com o mar. Acredita-se que ela seja uma fonte de proteção, sorte e fertilidade, além de um símbolo de cuidado e maternidade.

A popularidade de Iemanjá também se espalhou para outros países das Américas, como Cuba, onde é conhecida como Yemayá. Suas histórias mitológicas, que incluem casamentos com outros orixás e transformações em rios para fugir de forças superiores, reforçam sua conexão com a água e sua natureza protetora.

Comemorar a Festa de Iemanjá é mais do que uma tradição religiosa; é um momento de renovação espiritual e de agradecimento às bênçãos recebidas. Este ano, a festa reafirma a importância da orixá na vida dos baianos e de todos aqueles que acreditam no poder das águas e da fé.

 

Foto: Romildo de Jesus

 

 

 

Tribuna da Bahia