Número é 7,8% menor do que o registrado em 2023
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Dados divulgados pelas Forças Estaduais da Segurança apontam que, em 2024, foram contabilizados 106 casos de feminicídio na Bahia, 7,8% a menos que no ano anterior, quando foram registrados 115 crimes deste tipo no estado. Neste cenário, a delegada Patrícia Barreto Oliveira, diretora do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV), criado em 2023, ressalta a importância da estrutura dedicada à proteção e ao acolhimento das mulheres em situação de vulnerabilidade.
“Nosso trabalho vai além da resposta às violências. Promovemos ações preventivas, fortalecemos redes de apoio e encorajamos as vítimas a romperem ciclos de violência”, destacou. Ainda de acordo com a titular do Departamento, cada atendimento humanizado, medida protetiva solicitada e cada vida preservada reforçam o compromisso em construir uma sociedade mais segura e pautada na equidade para todas as mulheres.
Em todo o estado, ações do DPMCV e do Batalhão Ronda Maria da Penha foram intensificadas. Neste fronte, a Polícia Civil informa que o Batalhão de Policiamento de Proteção à Mulher (BPPM), responsável pela fiscalização de medidas protetivas, promove também trabalho educativo.
“O Batalhão conta com três principais projetos de prevenção contra violência doméstica. O ‘Fala Sério’, ‘Homens em Diálogo’ e o ‘Guardiões de Maria’, com ações periódicas ao longo do ano”, destacou a comandante do BPPM, tenente-coronel Roseli de Santana.
Em todo o país, o Ligue 180 — Central de Atendimento à Mulher, é o principal canal para quem busca ajuda, informações e registro de denúncias de violência. Além do serviço gratuito e disponível 24 horas, os números 197 (Polícia Civil) e 190 (Polícia Militar) também estão disponíveis.
Autoria dos crimes
Em 2023, as delegacias de Salvador registraram 18.044 boletins de ocorrência sobre crimes contra a mulher. Já em 2024, até o dia 21 de outubro, foram contabilizados 12.935 casos, incluindo feminicídio, ameaça, assédio sexual e estupro.
Em todo o país, de janeiro a outubro de 2024, os estados e o Distrito Federal comunicaram ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) 1.128 mortes por feminicídio, segundo o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). O levantamento aponta, portanto, que no referido período, uma mulher foi vítima letal de violência de gênero a cada três dias no estado.
Este tipo de crime tem um perfil típico de autoria, assim como, costuma ter a própria residência da vítima como palco da violência, conforme documento divulgado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), em parceria com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Dos 672 feminicídios registrados na Bahia entre 2017 e 2023, aproximadamente 80% dos casos ocorreram dentro do domicílio da vítima e 92,6% dos autores eram parceiros íntimos da vítima (companheiros ou ex-companheiros e namorados).
Em julho do ano passado, Moisés Souza Ferreira foi condenado a 20 anos de prisão pelo feminicídio da sua companheira, Jéssica Ribeiro Reis, assassinada em julho de 2022, a facadas, na frente do filho de apenas dois anos, no Alto do Cabrito. A decisão do Tribunal do Júri da comarca de Salvador pôs fim ao caso que chocou moradores do Subúrbio Ferroviário da capital.
No dia último 15 de dezembro, Gleice da Silva Bonfim, de 26 anos, foi encontrada morta em um condomínio localizado na Rua Guilherme Marback, no Bonfim, em Salvador. O crime aconteceu cinco dias após o seu casamento com um policial militar, apontado como suspeito do crime.