O número expressivo evidencia a gravidade da doença, que, por ser frequentemente assintomática nos estágios iniciais, muitas vezes é diagnosticada apenas quando já está em fase avançada
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O câncer de pâncreas, um tumor maligno que se desenvolve no pâncreas, órgão responsável pela produção de enzimas digestivas, continua sendo uma preocupação crescente no Brasil. Recentemente, a doença levou à morte o jornalista esportivo Léo Batista, que estava enfrentando complicações como desidratação e dor abdominal.
De acordo com dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 717 pessoas morreram vítimas do câncer de pâncreas no estado em 2024, sendo 354 homens e 363 mulheres. O número expressivo evidencia a gravidade da doença, que, por ser frequentemente assintomática nos estágios iniciais, muitas vezes é diagnosticada apenas quando já está em fase avançada.
Sintomas e Diagnóstico
Eduardo Moraes, oncologista clínico do grupo Oncoclinicas, explica que o câncer de pâncreas, na maioria das vezes, não apresenta sintomas no início. Contudo, quando o tumor está localizado na cabeça do pâncreas, ele pode comprimir as vias biliares, causando icterícia (coloração amarelada na pele e nos olhos).
O especialista explica que os sintomas mais evidentes surgem quando a doença já está mais avançada. Entre os sinais típicos estão dores abdominais no andar superior, que podem irradiar para as costas, perda de peso inexplicada, náuseas e vômitos. Em casos mais raros, o câncer pode estar associado à depressão e à trombose de vasos.
Fatores de Risco e Prevenção
O cigarro é o principal fator de risco para o câncer de pâncreas, com fumantes apresentando o dobro de chance de desenvolver a doença em relação a não fumantes. Além disso, o histórico familiar de câncer e síndromes genéticas, como as associadas ao câncer de mama e cólon, também aumentam o risco. Outros fatores incluem a obesidade e a exposição a substâncias químicas em determinadas profissões.
Moraes alerta que, embora não existam exames preventivos eficazes para o câncer de pâncreas, em casos de histórico familiar da doença, exames genéticos podem ser realizados para avaliar o risco, o que pode ajudar tanto no diagnóstico precoce quanto no planejamento do tratamento.
Tratamento: Avanços e Desafios
Quando o câncer de pâncreas é detectado precocemente, a cirurgia é a principal forma de tratamento. O oncologista destaca o avanço das cirurgias minimamente invasivas, que têm mostrado bons resultados, principalmente para tumores localizados no corpo e na cauda do pâncreas.
No entanto, em casos de doença mais avançada, a quimioterapia pode ser utilizada para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia. Em outros casos, o tratamento com quimioterapia é feito após a cirurgia, enquanto em casos ainda mais avançados, a quimioterapia se torna a principal forma de controle da doença.
O oncologista ressalta que, embora o câncer de pâncreas seja desafiador devido à falta de exames preventivos, os métodos de diagnóstico estão evoluindo. A biópsia, realizada com ultrassom endoscópico, permite que um pequeno fragmento da lesão seja retirado para análise, ajudando a identificar o tipo de tumor e planejar o tratamento.
Tipos de Tumor de Pâncreas
Existem dois tipos principais de câncer de pâncreas: o adenocarcinoma, que representa 90% dos casos, e os tumores neuroendócrinos, que são mais raros e podem ter características diferentes. Identificar corretamente o tipo de tumor é fundamental para determinar a abordagem terapêutica mais eficaz.
Importância do Diagnóstico precoce e acompanhamento multidisciplinar
O câncer de pâncreas é uma doença complexa e de difícil diagnóstico, por isso, é fundamental que pacientes com suspeita da doença sejam avaliados por uma equipe multidisciplinar, composta por oncologistas, radiologistas e outros especialistas. Um diagnóstico rápido e preciso, aliado a um tratamento adequado, pode aumentar as chances de controle da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Tribuna da Bahia