Ruy Castro destaca memória de João Gilberto: ‘Quando queria ouvir alguma coisa, ele cantava’

 

 

O jornalista e escritor Ruy Castro lamentou a morte do cantor e compositor João Gilberto, que morreu no último sábado (6), aos 88 anos. Autor, entre outros livros, de “Chega de Saudade: A história e as histórias da Bossa Nova”, “A Onda que se Ergueu no Mar”, “Rio Bossa Nova”, ele destacou, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (9), a importância da obra de João Gilberto para a música brasileira e sua influência mundial. Sobre escrever sobre o artista, Ruy falou das raízes do músico e sua origem em Juazeiro, na Bahia.

“Em 10 ou 15 dias eu montei uma rede de contatos sobre a vida de João Gilberto. Eu nem precisei ir lá. Esse tipo de levantamento é importante para ver as origens de uma pessoa muito importante, principalmente sobre o que ela iria fazer”, declarou o jornalista.

Ainda de acordo com Castro, houve uma série de contatos entre ele e João Gilberto ao longo de 30 anos. A primeira vez que se falaram foi em meados de 1989. “Precisava muito conversar com ele, sobre muitas coisas, e eu tinha certeza de que se ele falasse, teria muito a dizer. Se fosse para ir ao apartamento dele, jamais iria acontecer. Quando liguei para ele pela primeira vez, passei cinco horas ao telefone conversando com ele. Ele me tratou muito bem. Me despedi e perguntei se poderia ligar outro dia. Eu ligava sempre para ele, ficava quase quatro horas ao telefone”, declarou Ruy Castro.

Para o escritor, a memória fascinante do músico baiano se destacava. “Eu fazia perguntas basicamente musicais e ficava besta com a memória musical do cara. Ele tinha as músicas de 1930 de cor na cabeça. Eu citava uma música de 1944, ele me interrompia e cantava o arranjo todo dos ‘Anjos do Inferno’, e fazendo todas as vozes. Ele era um rádio. Não tinha videocassete, não tinha toca-discos. Quando ele queria ouvir alguma coisa, ele cantava”, contou, reforçando a importância do legado musical de João Gilberto para o Brasil. “Não se faz uma revelação com o novo sem tiver profundo conhecimento do velho. Assim que ele foi para a música”, finalizou.

Metro1

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