Casos de violência contra motorista de apps chegam a 103

 

Quem utiliza o carro como fonte de renda, seja como taxista ou motorista de aplicativo, também vem sofrendo com a violência crescente na cidade. No último caso registrado, uma triste história chama a atenção para o fato. Na madrugada de ontem, foi encontrado o corpo do condutor Renan Magalhães, de 39 anos, no município de Serrinha, que fica distante 183 km da capital baiana.

Ele estava desaparecido desde o último sábado quando aceitou uma corrida por um aplicativo, por volta das 6h, ainda em Salvador, e não tinha dado mais notícias desde então. O carro que ele utilizava para prestar o serviço, um Chevrolet Onix de placa QNJ-8794, foi localizado no bairro do Pau da Lima, na tarde da segunda feira passada. Já o corpo dele foi encontrado carbonizado. Magalhães deixa uma esposa grávida, de sete meses.

Além deste, outro caso neste mês de janeiro alerta para os riscos os quais a categoria está sujeita. No dia 9, Cléber Ferreira, de 34 anos, sumiu após sair de casa, no bairro da Boca do Rio. Segundo a família, ele teria dito que iria ao mercado, mas que iniciou uma viagem por um aplicativo no caminho. O carro dele foi encontrado no bairro de Mussurunga. Contudo, ele ainda continua desaparecido, há mais de 20 dias.

Ambos os casos estão sendo investigados pela Polícia Civil. Sobre Renan, a assessoria de comunicação do órgão informou que o procedimento ainda está com a Delegacia de Protação à Pessoa (DPP), que solicitou perícia no local onde o carro foi encontrado e no veículo. Após o resultado da perícia, será definido que unidade investigará o homicídio. Por ora, a Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) e a Delegacia Territorial de Serrinha somam informações para a elucidação do crime. 

De acordo com dados do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-BA), apenas nos primeiros 30 dias de 2019 cerca de 103 casos de roubos, furtos e latrocínio (roubo seguido de morte) foram registrados contra profissionais. Ano passado, quase 2.950 situações como essa aconteceram no estado contra condutores que utilizam o veículo como fonte de renda.

Conforme a organização, a situação poderia ter um melhor desfecho para os membros da categoria se houvesse uma delegacia especializada voltada para casos desse tipo, uma vez que a sensação de impunidade é um dos principais fatores para que este tipo de crime continue ocorrendo.

TAXISTAS

Outra categoria que vem sofrendo com a violência e já foi assunto de reportagem pela equipe da TB foi a dos taxistas. Em 9 de janeiro deste ano, de acordo com a Associação Geral dos Taxistas (AGT), acontecia uma media de quase um caso por dia envolvendo os condutores. Até agora, contados 30 dias deste mês, já foram 22 veículos tomados de assalto e três taxistas baleados, sendo dois deles no bairro do Nordeste de Amaralina, após troca de tiros entre bandidos e policiais. Isso sem contar as agressões.

Na ocasião, o presidente da Associação, Ademilton Paim, afirmou que a categoria circula assustada pela cidade. “Quando pegamos um passageiro, temos receio, pois não sabemos se ele, de fato, está precisando da corrida ou se vai nos assaltar. O pior é que não podemos rejeitar um passageiro, pois somos fiscalizados quanto a isso e podemos receber uma queixa. Nós somos um alvo fácil”.

Além das estratégias adotadas para evitar assaltos, como a não andar com dinheiro no carro, ele disse que tem buscado, na ocasião, junto a Secretaria de Segurança do Estado da Bahia (SSP), a realização de reuniões para encontrar uma resolução do problema. Entre as sugestões, está a inclusão, nos veículos, de um botão do pânico e, justamente, a criação de uma delegacia voltada para este tipo de crime.

Com relação a criação de uma delegacia, a SSP informou que tem mantido um diálogo com as categorias e tem priorizado o atendimento a esses profissionais através de uma linha através do número 190. Já com relação à segurança, a Polícia Militar explicou que realiza diversas blitze em todo o estado para proporcionar proteção, tanto a motoristas e aos passageiros.

 

 

 

 

Tribuna da Bahia

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